Análise | Outlast 2

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Outlast 2 (Outlast II)

As expectativas para Outlast II não podiam ser menores, afinal, o primeiro jogo revolucionou a indústria e mostrou que público para jogo de terror ainda existe, sim. Mesmo sendo um indie, Outlast tem ares de título AAA, graças aos seus desenvolvedores com histórico de terem trabalhado em empresas grandes, e uma sequência não poderia deixar de inovar em gráfico e som, mas será que isto basta?

Outlast 2 (Outlast II) está finalmente entre nós, e como era esperado, ele traz novidades, em especial com relação a mecânicas, mas isto não significa que ele seja necessariamente superior ao seu antecessor, tarefa que realmente seria difícil de cumprir, já que o primeiro Outlast foi absurdamente inovador.

As novidades em mecânica no game são bastante interessantes. A primeira que podemos citar é o fato de fazer filmagens de momentos importantes, em vez de relatos escritos. No primeiro jogo, o protagonista, munido de sua câmera, fazia anotações sobre o que via. Desta vez, sendo um camera-man, você filma e depois assiste, observando seus comentários sobre o que viu. O mesmo vale para os arquivos de texto que se encontra pelo cenário: eles agora são fotografados e também podem ser visualizados depois, assim como no jogo anterior.

Sendo um camera-man, agora, além de sua câmera, você também tem um microfone, e pode ativá-lo para ouvir conversas um pouco distantes, ou atrás de portas, até para saber a distância de inimigos de você. Mas este recurso deve ser usado com cuidado, já que, assim como a visão noturna, ele também gasta rapidamente a bateria de sua câmera.

Como o game possui muito mais inimigos agora e as áreas de exploração são bem maiores e, a maioria, ao ar livre, os cenários também te oferecem novas possibilidades, como locais novos para se esconder, como latões e plantações ou matos altos. Você agora também encontra trancas em algumas portas, o que ajuda na hora de fugir de inimigos, já que trancando você ganha tempo até que consigam derrubar a porta.

Outlast 2 (Outlast II)

Outra novidade é poder se esconder embaixo d’água e até em latões cheios d’água ou locais onde cavalos matavam sua sede. Usando comandos, você espia se o inimigo ainda está por perto, mesmo com a visão levemente embaçada, e dentro de lagos, você pode se movimentar e seguir adiante, mesmo que não esteja enxergando quase nada ao permanecer submerso. Agora também é possível escolher com que velocidade você abrirá portas, e isto pode definir sua vida ou sua morte. Abrindo devagar as portas de salas ou de armários, você até pode espiar para ver se os inimigos estão por perto.

Seguindo a tradição do primeiro Outlast, o jogo é muito escuro, e uma dica de que os inimigos estão por perto é o feixe de suas lanternas, mas tome cuidado, pois nem todos os inimigos estão equipados com uma. Uma coisa bem interessante é a aleatoriedade de certos inimigos em áreas determinadas do jogo. Em alguns momentos, se estiverem sentados ou rezando, como se tratam de pessoas alienadas, você pode passar por eles, desde que mantendo certa distância, e eles podem te atacar ou continuar onde estão. É preciso ficar atento às salas onde se entra, pois alguém pode estar deitado numa cama e se levantar ao vê-lo, iniciando uma perseguição.

Outlast 2 (Outlast II)

Enfim, já deu para perceber que o jogo tem muito inimigo mesmo, não é? Isto pode ser visto como algo bom ou como algo ruim, dependendo da preferência do jogador. Particularmente falando, o brilho do primeiro Outlast era a expectativa de, ao qualquer momento, esbarrar em um inimigo e precisar fugir ou se esconder. A expectativa muitas vezes gera muito mais tensão do que uma horda te perseguindo ou até de um único inimigo querendo te matar. Esta expectativa acaba por vezes não existindo em Outlast II, já que o número de inimigos é muito grande, e poucas vezes você se vê em um momento de solidão, com medo do que “pode” vir a aparecer, mas não necessariamente que algo realmente irá acontecer. Esta construção de tensão para um susto posterior foi importante para o primeiro jogo, e foi bastante diminuída em Outlast 2.

Outra coisa a ser mencionada são as mortes instantâneas no jogo, que acontecem com bastante frequência. Há muitos momentos de tentativa e erro, onde você não sabe para onde ir, e no calor de perseguições de mais de um inimigo correndo incessantemente atrás de você em cenários extremamente escuros, fica difícil saber para onde se deve ir. Isto gera mortes desnecessárias. E isto gera frustração também. É preciso balancear estes momentos de perseguição com exploração, e Outlast 2 não soube dosar tanto.

Sobre a trama de Outlast II, desta vez, você é o camera-man Blake Lingermann e está acompanhando sua esposa, Lynn, em uma reportagem sobre uma jovem grávida, encontrada assassinada de forma misteriosa. Após a queda do helicóptero onde estão, Blake deve encontrar a esposa, mas ela acaba sendo levada por esta seita. Seu objetivo é resgatá-la, enquanto deve evitar confrontos com pessoas alienadas por uma seita bizarra, liderada pelo violento e despudorado Papa Knoth. Temas como infanticídio e violação de órgãos femininos estão presentes no jogo, então, se você é sensível a tudo isto e já ficou horrorizado com o primeiro Outlast, é melhor estar ciente do que vem pela frente.

Outlast 2 (Outlast II)

O veredito final é o de que Outlast 2 inova, traz um jogo maior e mais uma vez explora com maestria o tema da loucura e da alienação e fixação das pessoas sobre um determinado tema. É um jogo que leva a SOBREVIVÊNCIA (Outlast, em inglês, significa “sobreviver”) ao extremo. Se você gosta de jogos frenéticos, este será um prato cheio, mas acredite, principalmente pelo jogo estar bem maior do que o primeiro, uma hora cansa. Cansativo é uma palavra que define o gameplay de Outlast 2, mas, sim, ele vale a pena, especialmente pelo histórico do primeiro.

Outlast II está disponível desde o dia 25 de Abril, em formato digital para PS4, Xbox One e PC. Outlast Trinity é a versão em mídia física, contendo o primeiro Outlast junto com a DLC “Whistleblower” e o segundo game, pacote a ser lançado em Maio. No Brasil, Outlast é distribuído pela WB Games, com localização dos menus em Português do Brasil e com legendas nos diálogos.

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