Tradução | Entrevista com produtores de Resident Evil 5: Retribuição (FEARnet)

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Resident Evil 5: Retribuição (Resident Evil: Retribution)

Entrevista com os produtores de Resident Evil 5: Retribuição (Jeremy Bolt, Don Carmody e Robert Colter) ao site FEARnet.

Se não me engano, o último filme termina com um navio e muitos aviões se aproximando deles. É um grande clímax. Com este filme, vocês dão um tempinho ou já pulam direto na ação?
Jeremy: Bem, tem ação. Tem ação mesmo.
Don: Sim, sem parar.
Jeremy: Este filme tem muitas reviravoltas, momentos de mudança. Ele brinca, respeitosamente, com o público. Estamos tentando fazer as pessoas pensarem um pouco mais, apesar de que irão curtir se não tiverem visto os filmes anteriores. Se você viu, vai curtir ainda mais. Ele tem aquele espírito do jogo, onde você tem que se envolver um pouco.

Vocês estão trazendo vários personagens de volta de filmes passados, então as pessoas que não viram os filmes ainda assim entenderão?
Jeremy: Sim. É por isso que se chama Resident Evil: Retribution, e não Resident Evil 5.

Como isto funciona, então? Como vocês sentem que estão começando algo novo, em que qualquer um pode adentrar neste mundo, a partir deste ponto?
Jeremy: Haverá uma narração de Alice, que irá resumir este mundo. Novos personagens são apropriadamente apresentados. Você não precisa jogar o jogo para saber que Leon Kennedy e Jill Valentine estão voltando. Diferente dos filmes anteriores, nós na verdade temos uma sequência que é muito real, e que será uma parte interessante desta versão de Resident Evil.

Esta seria a cena com o Oded?
Jeremy: Ele faz parte dela. Na verdade é bem difícil falar sobre ela, pelo que estou percebendo. [Risos]
Don: Acho que tudo é explicado muito bem, então mesmo que você não tenha visto os outros Resident Evils, você entenderá o que está acontecendo, sem muita confusão.

Acho que cada filme se definiu na missão de Alice. Ela está sempre descobrindo algo novo nela mesma, o que guia a nova aventura. Como vocês descreveriam este arco para ela, e como isto se reflete no filme, e o que farão neste título para diferenciá-lo dos outros?
Jeremy: Acho que você sente que ela esteja se aproximando bastante da resposta, se preferir, de toda a franquia Resident Evil. Estamos nos aproximando do final, ou pelo menos do que achamos que possa ser o final.

Há muita coisa sendo dita sobre o final da série Resident Evil. Você tem idéias em mente para isto?
Robert: Tudo chega a um fim. A questão é se acontece por sua escolha ou se o público escolhe por você. (Risos)

Quando Paul fez o Afterlife, ele mencionou algo na Comic-Con sobre a nova trilogia. O terceiro tinha saído, e ele imaginava uma nova trilogia. Além do sexto, vocês conseguem ver um Resident Evil de perspectivas e ângulos diferentes?
Jeremy: Sim. Eu consigo imaginar um prequel para o primeiro (Resident Evil), com certeza. E, possivelmente, com outro personagem, sim. O que é realmente empolgante para nós como produtores é quando se ama uma franquia, e para o Paul como diretor, isto dá certo. Está tão caro lançar um filme ultimamente que isto dá segurança a todos, então você consegue ser criativo sob a proteção da franquia. Isto é algo que estúdios fazem o tempo todo. Se, como Robert disse, o lucro merecer, nós a continuaremos explorando.

Mas voltando, como este realmente se diferencia dos outros?
Jeremy: Este é mais voltado para a ficção científica. Há mais trama, mais reviravoltas e brinca respeitosamente com o público.
Don: Mas, ao mesmo tempo, ele provavelmente é o que tem mais ação.

Há uma grande cena de perseguição de carro também. Vocês podem falar sobre as filmagens dela?
Jeremy: Sim. Foi muito trabalho durante a noite.
Don: Muito trabalho durante a noite gelada. Muitas metralhadoras, metralhadoras muito barulhentas.

Eu estava tentando imaginar como zumbis russos pilotam motocicletas.
Jeremy: Eles mutaram. O parasita Las Plagas lhes permitiu ter certas funções motoras e habilidades mentais. Os mortos vivos evoluíram. Muito mais rápido.

Você pode falar sobre os aspectos bons e ruins do personagem de Oded, Carlos, e de Rain? Acredito que estes são os únicos dois personagens a terem esta dualidade.
Jeremy: A ideia é que ninguém é quem você pensa. A única coisa de que se tem certeza é que a Corporação Umbrella é toda poderosa, e está sempre a um passo à frente. Alice é a única que realmente está se aproximando. Nós queríamos criar uma atmosfera onde o público pensa, “Esta pessoa realmente é o Carlos? Esta pessoa realmente é a Rain?”. Há o Carlos bom e o ruim. Isto foi tirado do mundo dos jogos, onde tudo pode mudar. Nós definitivamente estamos, como eu acho que Paul fez nos filmes anteriores, construindo uma estrutura narrativa a partir do mundo dos jogos.
Robert: Nós sentimos que o último filme foi realmente muito linear e pura ação de sobrevivência. Nós sentimos que definitivamente tínhamos que tentar algo mais narrativo, de um ponto de vista estrutural, que tivesse mais desdobramentos para o público. Com Alice, você segue pelo filme e questiona tudo. Conforme se torna esta batalha contínua pela sobrevivência da humanidade, você pode até encontrar humanidade no mais improvável dos lugares, até mesmo em seus inimigos. Em certo grau, eles podem ter coisas que você precisa para sobreviver. Pode haver alianças na história, nas quais Alice não confiaria, mas, para sua sobrevivência, ela pode ter que barganhar e ver no que dá.
Jeremy: Ela definitivamente está lutando para manter sua humanidade. Ela tem uma relação com uma criança no filme, e isto é com certeza uma relação de mãe e filha. No entanto, quando se vê o filme, você pode pensar, “Por que ela está fazendo isso?”.
Don: A história é muito mais desconstruída, a narrativa. Ela está focada nisso para se lembrar de sua humanidade.

Como o mercado está guiando a direção desta franquia, em termos de bilheteria?
Jeremy: Bem, estamos usando o 3D de novo. O que tentamos em todas as versões do filme é usar ambientes diferentes, e isto funcionou para nós. Estivemos no deserto no 3, na cidade no 2, então mais uma vez estamos usando ambientes diferentes. Paul acredita que temos que dar aos expectadores a promessa de algo diferente. Acho que muitas franquias cometem o erro de só fazer a mesma coisa. Este será totalmente diferente.
Robert: Com certeza temos retorno dos distribuidores internacionais. O filme deu tão certo internacionalmente que dizemos: “Existe uma maneira de criar um fenômeno global, em vez de fazermos em um só local?”. Estivemos em Raccoon, em Vegas, em Los Angeles. Há um cenário que nos permita torná-lo um acontecimento global?

Você mencionou que há um lado sci-fi neste filme. Vocês tiraram as idéias, ou a forma de criar um filme sci-fi, de outros filmes?
Jeremy: Acho que “A Origem” teve um enorme impacto em todos. Acho que Westworld é um filme importante para o Paul. Todos sabem, porque ele fala bastante sobre ele, a trilogia Alien, Blade Runner, todas estas coisas são inspirações. Como criador de filmes, acho que ele fica tentando se esforçar para fazer melhor do que no último, e para deixá-lo o mais divertido possível. Pelo ponto de vista de Robert, já cenas em Moscou e cenas em Tóquio. Nós realmente tentamos deixá-lo global.

Vocês obviamente têm um relacionamento aberto com a Capcom. Qual foi a reação deles quando vocês chegaram para eles e disseram: “Precisamos de dois personagens grandes, Leon e Barry”? Os fãs vinham pedindo por eles.
Jeremy: E por Ada Wong. Nós temos um ótimo relacionamento, então foi bem tipo, “Quem vocês vão escalar? Eles parecem com os personagens?”. Eles ficaram muito, muito satisfeitos com nossas escolhas, particularmente com Li Bingbing, que faz Ada Wong. Eles nos visitaram no set na semana passada, e ficaram pasmos com ela.

Eles estão mais próximos de fazer um jogo mais próximo da série?
Robert: Acho que estamos roubando um do outro, no bom sentido. Há dois mundos diferentes. Eles são muito bons no que fazem, e nós tentamos fazer nossa parte. Acho que queremos manter desta forma.

Como produtores deste filme, vocês disseram que é um grande filme com muita ação. No 55º dia de filmagem, qual é o elemento mais desafiador?
Don: Tudo. [Risos]
Robert: Acho que o que estamos filmando agora, com o gelo. No roteiro, é uma cena de $50 milhões. Temos uma semana e dois dias na segunda unidade, então isto exige muita atenção de todos os departamentos.
Don: Como se pode ver, antes mesmo de gritarmos ‘ação’, estamos gritando ‘faça isto, aquilo, isto’. Há 15 coisas diferentes que tem que acontecer antes de os atores poderem começar a falar. É um desafio, mas todas as cenas foram desafiadoras. A perseguição de carro em Moscou, quando se vê, é incrível. É muito, muito legal.

Se não estou enganado, a bilheteria aumentou cada vez mais em todos eles. Mas o orçamento continua basicamente o mesmo?
Jeremy: Não, eles aumentem, porque todos ficam mais caros, inclusive nós.
Robert: Vamos culpar a nossa moeda.

Que tipo de retorno vocês têm da Screen Gems? Eles fazem certas exigências?
Robert: Eles basicamente querem que este seja como o último foi.
Jeremy: Eles confiam muito em nós e no Paul. Eles sabem o que estamos fazendo, a bilheteria aumentou e eles querem nos dar liberdade para criar. É ótimo trabalhar com eles e, além disto, o departamento de marketing deles é fenomenal. É uma dádiva para um produtor quando se tem um distribuidor que sabe como vender um filme, porque é uma parte que não podemos controlar.
Robert: Eles estão muito envolvidos. Temos que ter aprovação do roteiro, e então temos que imaginar o orçamento certo. Quando o valor é confirmado, tentamos nos manter dentro dele. A cada filme tentamos trazer gente nova, ou trazer pessoas de filmes anteriores. Eles obviamente se comprometem a fazer o melhor filme possível pelo valor.

Há uma nova raça ou evolução de uma criatura previamente existente com a qual vocês estejam empolgados?
Jeremy: Sim. Ele ficou maior e melhor. Estamos fazendo de forma adequada.

Tem algum personagem que ainda não foi anunciado, que pode fazer uma aparição, que ainda está em segredo?
[Longa pausa, sem resposta.]

Veremos aquele personagem que estava no primeiro Resident Evil, que devia ser o “marido” ou namorado dela naquele filme?
Jeremy: Não. James Purefoy? Não, vocês não o verão. Mas com certeza haverá elementos de Res 1 que estão neste filme. Sim, Paul tem outro filme em mente, que será a conclusão do ciclo, e estamos indo na direção dele. Ele se ligará, de alguma maneira, com o primeiro filme.

Com quais zumbis vocês estão realmente empolgados neste filme?
Jeremy: Bem, os mortos vivos russos de motocicleta são fenomenais. Eles usam uniformes comunistas, montados em motos, com ótima maquiagem do Paul Jones, eles são simplesmente incríveis. Obviamente, é mais divertido para nós, tendo feito isto por tanto tempo já, que os mortos vivos estejam ficando um pouco mais inteligentes. Depois de um tempo, eu sinto pena deles.

Eu gostaria de voltar à minha primeira pergunta. Há um grande final no quarto filme, com 100 aviões se aproximando.
Robert: Não vamos nos esquecer disto.
Jeremy: Você não se decepcionará. Será o Pearl Harbor dos filmes de zumbis.

E é assim que começa?
Jeremy: Talvez. Você está nos deixando perdidos (Lost).
Jeremy: Mais uma coisa. A Michelle está no filme. Lost é uma grande influência.

Eu só estava falando disto porque, quando se cria algo tão grande, o público quer sair satisfeito.
Jeremy: Sim, eles ficarão satisfeitos, mas pode não ser linear como estão esperando. Como o Robert disse, nós brincamos com a narrativa.

Fonte: FEARnet

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