Análise | The Evil Within: The Consequence

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The Consequence (The Evil Within)

Desde o dia em que joguei a primeira DLC de The Evil Within, “The Assignment”, fiquei ansiosa pela continuação da trama paralela protagonizada por Juli Kidman. “The Consequence” finalmente saiu no dia 20 de Abril, depois da página oficial do jogo no Facebook divulgar diversas imagens da personagem equipada com arma e garantindo que “desta vez, Juli estaria armada e poderosa”. Mas não foi bem isto o que aconteceu.

Antes que comecem os questionamentos: não, este não é um ponto negativo na DLC, nem na primeira e nem na segunda. Mas também não é um ponto a favor. A verdade é que os quatro capítulos totais das DLCs são mais focadas na sobrevivência, como um bom Survival Horror deve ser.

O lado ruim é que a jogabilidade de The Evil Within já não ajudava muito, apesar de também fazer jus ao gênero, ao jogar um personagem com limitações em uma situação onde os recursos são escassos. E, no fundo, nós, jogadores, não estamos mais acostumados com jogos onde o ritmo é mais focado no “pare e pense no que fazer” e menos no “atira no barril e explode todo mundo”, não é verdade? A demanda atual de jogos é assim e não é segredo para ninguém.

Não é querer defender The Evil Within, aliás, bem longe disto. O jogo é bom, porém, tem suas falhas, em especial na questão da jogabilidade mesmo, que acabou deixando o jogo maçante em várias partes, sem falar nas inúmeras mortes que você acaba sofrendo sem merecer, mas porque “o jogo decidiu assim” ou os comandos não ajudaram. E isto não é vergonha para ninguém, pelo contrário, porque se mesmo assim você foi até o final do jogo, orgulhe-se de sua persistência!

The Consequence

Se em “The Assignment” você se frustrou porque a personagem mal pega em uma arma, a sua frustração vai se repetir em “The Consequence”, porque os momentos em que Juli põe as mãos em um revólver ou em uma escopeta são raros. Mas isto funcionou bem nesta segunda parte de sua trama, já que o foco ficou bem mais em compreender os questionamentos que haviam ficado com o fim do jogo principal, além de deixar brechas para que um The Evil Within 2 seja lançado em um futuro próximo.

A lanterna deixa de ser a melhor amiga da policial, e uma das melhores partes do jogo vem logo no começo: em meio a um imenso breu, você precisará fazer uso de luzes químicas fluorescentes para iluminar o seu caminho até um gerador. Apesar das luzes serem ilimitadas, apenas três iluminam realmente o caminho, portanto, use-as com sabedoria. E prepare-se para os inimigos no meio do caminho.

E por falar em inimigos, o retorno da Light Woman era coisa certa, assim como o seu fim definitivo. A criatura com um holofote ofuscante no lugar do rosto continua sendo imortal até uma boa parte do jogo, e mais uma vez será preciso se esconder dela enquanto espera elevadores e passagens serem liberadas. Estas poderiam ser as melhores partes da DLC, assim como em The Assignment, mas, infelizmente, Juli, já lerda por natureza, transforma a tarefa de fugir da Light Woman em um verdadeiro martírio que beira a irritação depois de algumas mortes desnecessárias.

Felizmente, ela não é um daqueles chefes irritantes de muitos jogos atuais, cuja batalha leva vários minutos e uma enxurrada de tiros, até porque não caberia algo assim em um Survival Horror, mas ela finalmente dá uma trégua já no final do primeiro capítulo, o que por si só é um alívio e, ao mesmo tempo, um desperdício de potencial em um inimigo por conta da jogabilidade, que não permite à personagem correr um pouco mais rápido em uma situação onde qualquer um se transformaria em um verdadeiro maratonista com fôlego ilimitado.

Os raros momentos com armas são também, em sua maioria, as partes “Inception” do jogo. Por “Inception” entenda como aqueles momentos no jogo principal em que o universo do STEM começa a ruir em trechos urbanos. Se houvesse a possibilidade de brincar de “parkour”, dava até para fazer um crossover bacana com Mirror’s Edge, porque o cenário lembra bastante! Assim como no game principal existe o modo Akumu, que é uma espécie de “professional”, onde a dificuldade do jogo atinge limites excepcionais, nas duas DLCs existe o modo Kurayami, igualmente desafiadores. Se a munição e os recursos já são escassos no modo normal, imagine nestes níveis extremos… A energia de Juli também é proporcional à sua capacidade de correr, e ela pode muito bem morrer com um ou dois ataques dos inimigos.

The Consequence

Por fim, não há como não mencionar as imensas reviravoltas que a DLC traz à trama. Após descobrirmos mais sobre o passado de Sebastian no jogo principal, teremos um reforço destes detalhes ao observarmos flashbacks de diálogos entre o agente e seu colega Joseph Oda, onde ele fala sobre o sumiço de sua esposa, Myra, durante antigas investigações sobre misteriosos desaparecimentos em Krimson City. O final, apesar de surpreendente e, de certa forma, revelador, abre espaço para debate entre os fãs da trama do game.

A Bethesda ainda não informou a data de lançamento da terceira e última DLC de The Evil Within, mas ela não será uma continuação das duas primeiras, e será focada em uma das criaturas mais icônicas do game, o The Keeper, aquele sujeito armado com um martelo que tem uma caixa no lugar da cabeça. Lembrando que, para quem comprou a Season Pass, pelo valor aproximado de R$41,00, basta esperar o seu lançamento, ou comprar cada parte separadamente por R$21,00 cada. O investimento certamente vale a pena.

The Assignment

The Consequence é uma continuação digna que mantém o ritmo da DLC anterior e encerra com chave de ouro a trama da missão paralela da agente Juli Kidman. Se você jogou o jogo principal e gostou da trama, prepare-se para revelações que vão fazer o seu queixo desabar por alguns segundos.

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