Análise | Resident Evil 5: Retribuição

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Resident Evil 5: Retribuição (Resident Evil: Retribution)

Resident Evil 5: Retribuição é um filme grandioso, em todos os sentidos. Escrito e dirigido por Paul W.S. Anderson, ele retornou ao comando da série de filmes no quarto título, “Recomeço”, lançado em 2010. Os recursos 3D foram bem explorados, especialmente em conjunto com os efeitos especiais do filme, que são muito bem feitos e empolgantes, especialmente na tela do IMAX 3D. A sequência inicial já é digna de um filme de alto escalão, com efeitos sonoros impactantes desde o momento em que se inicia a abertura de créditos das empresas que realizam o filme (Sony Pictures, Constantin Films e Screen Gems), o que cria uma expectativa ainda maior para a primeira imagem de Alice, estrelada por Milla Jovovich.

Os principais personagens retirados e inspirados nos jogos já são apresentados nos primeiros segundos de filme, com os nomes dos atores seguidos dos nomes dos personagens que interpretam nos créditos de abertura. A fidelização dos personagens também é um fator marcante: todos, aparentemente, fizeram sua “lição de casa”, com destaque para Li Bingbing, como Ada Wong, que soube captar o espírito da personagem de todas as formas. Uma das características mais marcantes da personagem nos jogos é a sua voz aveludada, e os fãs podem esperar para verem e ouvirem uma Ada Wong digna da Ada da série dos videogames.

Outros personagens icônicos dos jogos retornam ou são introduzidos neste quinto filme. Sienna Guillory, que interpreta Jill Valentine, retorna integralmente depois de ter co-protagonizado o segundo filme há oito anos. Ausente no terceiro por conflitos de agenda, ela havia retornado anteriormente para uma breve participação nos créditos do quarto filme, e agora, em Retribuição, mais uma vez mostrou que ainda sabe incorporar o espírito de uma personagem tão importante para os fãs da franquia. Johann Urb estreia na franquia cinematográfica como Leon S. Kennedy, um dos principais protagonistas da série, e sua caracterização física fez jus ao personagem. A versão de Barry Burton, encarnada por Kevin Durand, também foi bastante fiel ao personagem dos jogos, especialmente em relação à paixão do personagem por sua “Magnum de estimação”. Um ponto negativo, no entanto, foi o mal aproveitamento de Barry na trama, que poderia ter tido mais destaque ou aparecido em mais cenas, assim como também lhe faltaram as típicas frases e entonações do Barry dos jogos.

É importante também lembrar que atores de filmes anteriores, como Michelle Rodriguez, estão de volta neste longa. Contudo, eles não interpretam os personagens que fizeram no passado. Por muito tempo, conforme informações de escalação de elenco iam saindo, o público acreditava que eles retornariam como seus antigos personagens, como Michelle Rodriguez, e Colin Salmon, ambos do elenco do primeiro filme, “O Hóspede Maldito”, e Oded Fehr, que estrelou como Carlos Oliveira nas sequências, “Apocalipse” e “A Extinção”, segundo e terceiro filmes da série, respectivamente. Este fato, talvez, não agrade muitos fãs da série de games, já que eles são resultado de um elemento bastante repudiado pela maioria deste público. O resultado final, no entanto, é satisfatório pelo fato de podermos rever alguns rostos conhecidos e familiares dos títulos anteriores, porém, infelizmente, seu retorno não se trata de flashback ou algo do tipo.

 

Inimigos e monstros do filme anterior também retornam, embora, apesar de serem intitulados como “zumbis”, são na verdade inspirados nos Majini de Resident Evil 5, humanos contaminados pelo “parasita Las Plagas”, cujo termo é brevemente citado no filme, pouco antes do clímax da batalha final. Vemos os “zumbis inteligentes”, retirados diretamente do quinto jogo da série, com armas, pilotando motos e carros. Há até mesmo um zumbi controlando uma motosserra, referência ao Dr. Salvador, de Resident Evil 4, e ao Chainsaw Majini, de Resident Evil 5.

Há ainda a presença de um Licker gigante, que tem grande destaque durante o filme, e pode até ser considerado como um dos “chefes” do filme. Este tipo de criatura, apesar de ser inspirado nos jogos e até ter feito uma aparição no primeiro filme, lançado há dez anos, pode ser considerado como inédito pelo seu tamanho, mas talvez haja até uma referência ao Resident Evil 6, com lançamento confirmado para Outubro deste ano, já que este Licker é capaz de criar casulos com suas vítimas, possível referência ao C-Virus do próximo título da série, cujo “C” se refere ao termo “crisálida”. Vale lembrar que o mesmo produtor executivo do filme, Hiroyuki Kobayashi, é um dos principais produtores atuais da franquia de jogos de Resident Evil e faz parte da produção de Resident Evil 6.

Os filmes de Resident Evil, desde seu primeiro título, lançado em 2002, são autorizados e aprovados pela Capcom, e supervisionados por figuras importantes relacionadas à série. No caso dos dois primeiros filmes, a produção executiva foi de Yoshiki Okamoto, enquanto que o quarto e quinto filmes tiveram a produção executiva em nome de Kobayashi. Além de popularizarem o nome da franquia, os filmes também servem como uma espécie de propaganda para os futuros jogos da série, não é à toa que ele foi lançado há menos de um mês do lançamento do sexto jogo.

Apesar de serem somente baseados, mas não fiéis à série dos videogames, os filmes contêm diversas referências a cenas, diálogos e até posicionamentos de câmeras semelhantes a muita coisa que vemos enquanto jogamos Resident Evil. Este quinto filme não seria diferente e possui cenas retiradas diretamente dos jogos, com destaque para a primeira cena de apresentação da personagem Ada Wong, copiada diretamente de Resident Evil 4. Além disto, o relacionamento entre Ada e Leon também é levemente explorado através de falas e até mesmo de cenas bastante familiares. Já a relação entre Jill e Barry foi esquecida, e os antigos parceiros sequer interagem um com o outro.

Uma das principais características de todos os filmes da franquia e que vem evoluindo a cada lançamento é a presença de cada vez mais efeitos especiais, com muitas explosões na tela. Com o uso do recurso 3D, estes efeitos ficaram ainda mais bem aproveitados, como estilhaços e objetos vindo na direção da plateia, assim como ótimos efeitos de profundidade, onde nos sentimos dentro daquele ambiente, especialmente na experiência com o IMAX 3D, cuja imensa tela faz o público realmente imergir no filme.

Resident Evil 5: Retribuição se sai muito bem com suas cenas de ação frenéticas e efeitos incríveis, dignas de qualquer blockbuster hollywoodiano. Apesar de personagens familiares e naturalmente carismáticos, o desenvolvimento de suas personalidades individuais e relacionamentos não são muito trabalhados, justamente pela presença constante da ação no filme. Entretanto, mesmo sendo fã dos jogos, é recomendado separar os dois universos para tentar ver este quinto filme como qualquer produto da indústria do entretenimento, já que é isto o que ele é em sua mais pura essência. Assim como os filmes anteriores arrecadaram milhões e fizeram com que a franquia continuasse, com Retribuição não será diferente e podemos esperar números até mesmo maiores do que de seus antecessores.

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