O anúncio de Resident Evil 3 Remake foi um belo presente de Natal para os fãs, e a proximidade do lançamento foi um mega bônus, não é verdade? A Capcom vem nos presenteando há anos com seus jogos graças à RE Engine, que é o motor gráfico atual que a empresa tem utilizado em seus jogos desde o desenvolvimento de Resident Evil 7.
Durante a Black Friday, fizemos um artigo especial falando do histórico de Resident Evil nos computadores. Já que iniciamos o assunto “tecnologia”, por que não falar um pouco sobre os benefícios da RE Engine para o Resident Evil e para a indústria de games no geral?
Resident Evil 7 foi o primeiro jogo criado totalmente na RE Engine.
Apesar de muitas pessoas acreditarem que RE Engine signifique “Resident Evil Engine”, a verdade é que o “RE” nada mais é do que uma abreviação de “Reach for the Moon”, ou seja, “Chegue Até a Lua”. Pode ser que inicialmente eles até tenham desejado que o RE fosse uma referência à sua franquia mais rentável, mas ela é tão versátil e flexível que permite o uso em outras IPs, como Devil May Cry 5, um verdadeiro sucesso e vencedor do prêmio de Melhor Jogo de Ação no The Game Awards – premiação mais famosa do mundo dos videogames. Não à toa, “chegar à lua” é um equivalente à nossa popular expressão “o céu é o limite”; afinal, o objetivo é este: expandir as possibilidades e as capacidades não apenas dos gráficos dos jogos, mas também do hardware desta e da próxima geração de videogames e computadores.
Quando o antigo motor gráfico da Capcom, a MR Framework, no qual foram desenvolvidos Resident Evil 5 e Resident Evil 6, por exemplo, começou a se tornar um fardo, os desenvolvedores viram que criar nela um novo título de peso para a série poderia não fazer jus ao que os seus fãs merecem. Muita coisa foi criada e descartada, foi um período de muita tentativa e erro para os desenvolvedores e programadores, e cada nova atualização ou correção necessárias na MT Framework lhes faziam perder muito tempo de produção. Agora, com a RE Engine, o que eles levavam dois meses para refazer, eles conseguem otimizar para um tempo bem menor, de aproximadamente duas semanas! Este detalhe foi revelado pelo próprio produtor do jogo, Yoshiaki Hirabayashi, durante sua passagem pela Brasil Game Show no ano passado.
Resident Evil 5 foi, por muito tempo, o jogo mais vendido da Capcom!
A fotogrametria pode não ser um processo tão novo assim, mas também ganhou novos ares com o motor gráfico exclusivo da Capcom: os jogos atuais de Resident Evil passaram a ter um ar ultrarrealístico, graças à possibilidade de poder fotografar objetos reais e implantar nos jogos. Foi assim que eles colocaram diversos itens de cenário em Resident Evil 7. Aliás, jogar RE7 no PSVR é uma experiência peculiar, já que você realmente se sente dentro daquele cenário, e muito disso é graças a quão realistas os objetos são, já que se tratam de “coisas de verdade”, fotografadas em 360 graus com dezenas de câmeras e aplicadas dentro do jogo. E isto não é feito somente com coisas, mas também com os personagens, cujos detalhes de pele, expressões, movimentos e até cabelos, que ainda hoje são um desafio para programadores, são transportados do mundo real para o mundo de Resident Evil e de outros jogos da Capcom através da RE Engine.
Mia Winters, personagem de Resident Evil 7.
Tanto realismo pode ser, ao mesmo tempo, a bênção e a maldição da franquia, já que cenas gráficas demais acabam ficando de fora dos games. Foi o que aconteceu com alguns momentos importantes para a trama de Resident Evil 2 Remake: não sabemos, por exemplo, em que momento Sherry Birkin é infectada com o embrião do G-Vírus, afinal, poderia ser pesado demais colocar na tela um monstro infectando uma criança, sendo este monstro, no caso, o próprio pai da indefesa garotinha. Fica, então, o exercício mental ao jogador de ligar as peças e apenas imaginar o que aconteceu, quando, na verdade, o que queremos é ver. E ver tal cena poderia pesar na classificação etária do jogo. O mesmo acontece com a implementação de certos monstros, como as aranhas e os corvos, que eram um verdadeiro desafio aos programadores e acabaram de fora de Resident Evil 2 Remake, além de poder servir como gatilho para fobias, afastando, assim, potenciais consumidores do produto.
O temido Tyrant T-103, ou Mr. X pros íntimos, de Resident Evil 2 Remake.
E a novidade da versatilidade da RE Engine, apesar da perfeição gráfica, é que os jogos não ficaram tão pesados e não rodam somente em uma super máquina, o que os tornam mais acessíveis a todos! É claro que seu console pode fazer um pouco mais de força e aquecer, mas Resident Evil 7, por exemplo, tem até mesmo uma versão por streaming para os usuários japoneses de Nintendo Switch! Sem falar no XCloud, nova tecnologia da Microsoft, que em breve possibilitará que jogos como Resident Evil 2 Remake possam rodar até mesmo no seu smartphone. Já pensou ser perseguido pelo Mr. X enquanto estiver no metrô, indo para o trabalho? Só cuidado para não levar aquele mega susto e pagar mico na frente de um monte de desconhecidos, hein?
A cidade de Raccoon City destruída em Resident Evil 3 Remake.
E agora, com o vindouro Resident Evil 3 Remake em abril de 2020, só nos resta especular: o que mais a RE Engine irá nos proporcionar? Há rumores fortes de que o Nemesis poderá adentrar em salas de save e que nenhum lugar mais será seguro. Imagine as ruas de Raccoon City com tal detalhamento gráfico ultrarrealista! Se apenas um vislumbre das ruas no RE2 já foi um prato cheio, ver diversos zumbis em tela e ter que dar cabo de todos eles com uma Jill Valentine solitária não será nada fácil. Enquanto abril não chega, só nos resta sonhar.